Os projetos são criados com propósito, os quais envolvem sensibilidade, experiência, história e razão, essa é a forma que crio os meus projetos. Para mim é essencial que os espaços projetados também sejam pensados em seu propósito, pois a arquitetura tem um papel essencial, que envolve ser um lugar para as pessoas morarem, trabalharem, se divertirem, estudarem, entre as mais diversas funções, essas que devem se adequar às necessidades de cada projeto, que são individuais, variando das mais diferentes formas, como público alvo, localização e objetivos. O projeto é iniciado pensando no usuário do espaço, ele é o verdadeiro protagonista do projeto, é ele que deve ser visto e respeitado, com o máximo de clareza e sensibilidade. Percebesse que desde muitos anos atrás a arquitetura desempenha um papel fundamental na criação de um espaço e os arquitetos tem habilidades para projetar espaços com estratégias que permita estímulos sensoriais e espaciais. Sempre teve um impacto social significativo ao longo da história, foi usada como meio de expressão e comunicação, refletindo as crenças, valores e prioridades de uma sociedade em determinado momento. As paisagens urbanas da Grécia antiga eram uma combinação harmoniosa de templos, clínicas, casas para problemas do sono e teatros de alívio cultural, espiritual e físico. Os romanos reconheceram a importância da luz, vento, água e sua relação com as edificações para promover uma vida saudável. No Oriente, as tradições arquitetônicas chinesas concentravam-se em práticas de bem-estar, como feng shui. As cidades muradas medievais, por exemplo, foram criadas para proteger os habitantes de invasões, enquanto as fábricas do século 19 foram projetadas para maximizar a eficiência e a produção em massa. Pesquisas mostram que os ambientes onde passamos mais tempo tem potencial de afetar plasticamente o nosso cérebro, alterando a sua estrutura, mudando a nossa cognição, assim ficamos com raciocínio melhor. Uma das estratégias importante é a luz natural de um projeto, ela ajuda a regular as nossas atividades internas e o nosso relógio biológico e também contribui para a produção de serotonina, que é uma substância associada à sensação de felicidade e bem-estar, e na produção de vitamina D, que é associada à nossa imunidade. Nesse ponto, a arquitetura das cidades é fundamental para estimular os hábitos saudáveis. Por outro lado, temos o estresse um grande inimigo da nossa saúde nos dias de hoje. Estudos mostram que, assim como estar na natureza pode ajudar a controlar os níveis de estresse, a familiaridade e estar entre pessoas e em um espaço que se gosta, também.

O filósofo suíço-britânico Alain de Botton, destaca em seu livro A arquitetura da felicidade: "Um lar é um espaço que consegue tornar consistentemente disponíveis para nós as verdades importantes que o mundo amplo ignora, ou que nosso eu distraído tem dificuldade em manter." Um outro filósofo e poeta, Gaston Bachelard, no seu livro A poética do espaço, fundamenta as propriedades espaciais na influência da constituição do ser, mais precisamente em seus aspectos psicológicos analisando os valores e sentimentos despertados por eles como proteção, refúgio e tranquilidade. Fomentando sensações que são fundamentais para a saúde dos seus usuários como pertencimento, segurança, legibilidade, privacidade e criação de memórias. Acredito que ambientes além de contar a história e o uso do lugar, também são os comunicadores diretos do que queremos transmitir, produzindo estímulos de sensações e reações, onde a arquitetura reflete nossos valores, e quando as necessidades humanas e emocionais dentro de um espaço são atingidas, criamos uma arquitetura profunda e impactante que promove a melhoria das ações alcançando o seu propósito.